quinta-feira, 15 de novembro de 2012
Prefiro café
quarta-feira, 14 de novembro de 2012
Vermelho como o céu
domingo, 2 de setembro de 2012
fluxo
coloco numa garrafa
e lanço ao mar
na esperança de
um dia
você ler
se não alguém
um dia
ao ler
mesmo sem nos conhecer
vai saber
que ainda gosto de você
sábado, 1 de setembro de 2012
Haicais
planto uma ideia
haicai é bonsai
de poesia
Fuso-Horário
me oriente
já é poesia
no ocidente?
Haicais
ando cheio de glória
por caberem
em minha memória
Eurocêntrico
abaixo do trópico
Deus é
misantropo
O segredo
se eu cair
em mim
rio do tombo
Modéstia
é melhor
me ler,
millôr
Leminski de Poemas
ali se
tem
alicerce
Feliz
até
um haicai ruim
me lembra Ruiz
sábado, 4 de agosto de 2012
Café com Crime
terça-feira, 24 de julho de 2012
sem ter tido
sábado, 4 de fevereiro de 2012
Declaração de Dependência
E você ainda sabe onde me encontrar. Da minha liberdade, queda livre. Da minha falta de casa, causa. Da minha angústia, vigília. Da minha parte desarraigada ainda procurando abrigo em você. Você nos contêm?
Não me caibo. Tem sido assim. Tenho me tido assim. Talvez você entenda e eu sinta. Talvez você regre e eu confronte. Mas reajo. Reajo, reajo. Porque talvez ainda me haja fé e eu possa te mostrar.
Considere: me faltam mistérios. Minha compleição é quase paisagem. Pouco vou além do peso de minhas palavras. De pouco esconder morrem minhas fronteiras. Todas expectativas são vertigens. Só presumo por lembranças. Eu desejo seu desejo.
domingo, 8 de janeiro de 2012
Eu odeio o Wellington Paulista
Vai Brasil, libera logo a eutanásia. Acorda logo, deitado eternamente. Acorde, tarde da noite, abra a geladeira, perceba que não tem comida e volte a dormir. Pelo menos dessa vez. Sei lá, dá um jeito, a coisa tá feia. Olhem pro meu lado, nem que seja só agora. Porra, me ajuda aí, caralho. Será que vou ter que escrever uma carta pra presidenta? Pro Senado, Ministério, Tribunal Superior das Coisas Inferiores? Carta do leitor da Veja serve? Mesmo sem ler a porra da Veja, será que serve? Pichar muros, dar chilique na internet ou tentar educar as crianças nas escolas não deve resolver.
Alguma religião proíbe isso? Aquela lá que proíbe transfusão de sangue deve achar “pecado”, com certeza. Porra, Brasil. Vai se importar com os crentes? Deixa que Jesus cuida deles. Aproveita. O país inteiro tá na onda aí de vida pós-morte, reencarnações futuras, passadas, anestésicos, alívio de vida presente. Horóscopo, tarô, búzios, orixás. Vamo aproveitar essa onda pra resolver esse meu problema de uma vez. Vamo dar outra chance pro cara. Pra nós. Apagar a existência. Não toda ela, levaria muito tempo e doeria demais. Cortaremos o mais podre dos galhos. Vamo matar logo o Wellington Paulista, caralho.
Que venham os defensores dos direitos humanos com seus cartazes, marchas, seus barulhos. Tirem Brasília do ócio. Abram uma daquelas CPIs que nunca dão em nada, se for o caso. Liberem números 0800 e botem uma enquete no Fantástico. Os velhinhos, tentando pertencer a este nosso tempo, tentarão discutir a ideia nas padarias. Será eleita a Musa da Eutanásia. Gostosa. Com sua boa bunda dourada como fritura enfeitando as revistas nas bancas de esquina. Sem esquecer, é claro, de suas ideologias e pensamentos. Ela também terá o que falar. “Eu sempre fui super fã da eutanásia e é uma honra pra mim poder representá-la (...) mas na cama pra mim, o homem tem que ser homem, sabe? Tem que ter pegada”.
Vendam, façam minha ideia virar dinheiro e passatempo burguês. Não precisa dar minha parte, dez por cento, gorjeta. Nem botar meu nome nos créditos. Só quero justiça pro meu lado. E não é isso que todo mundo quer, justiça pro seu lado? Então, Brasil! Vamo liberar a eutanásia e dar um jeito no Wellington Paulista.
Muito já poderia ter sido evitado. Cortar o mau pela raiz não é seu forte, né Brasil? Desde seus tempos de Botafogo. Grosso. Desajeitado. Cagão. Chato. Metido. Falastrão. Como chegou lá? Nunca curti ele. Mas também não curtia o Botafogo. Mas agora não, pô. Tá lá no meu Cruzeiro já tem tempo. Desde 2009 não fazendo merda nenhuma, se arrastando na área. Quantos gols fez esse ano? Uns cinco? Ridículo. Enganando a torcida, o técnico, a diretoria. Tentando enganar também o juiz. Simulando pênalti. Se jogando nas canelas dos zagueiros, pulando no chão com técnicas de linguagem corporal dignas de uma modelo&atriz. Porra!
Mas você nunca me enganou, Wellington Paulista. Talvez tenha enganado até a si mesmo, mas não a mim. Eu compreendo sua alma, sua missão neste planeta. Tanto sofrimento recíproco não poderá ter sido em vão. Lutarei pela sua salvação, a eutanásia. Não precisaremos mais de tanta dissimulação. Você lá, natimorto na grande área, e eu do outro lado da tevê sofrendo ao observar a que ponto chegamos. Espetáculo mórbido, ridículo. E caro. Já cansei de vaiar e não ver as cortinas serem fechadas. Não devolverão meu dinheiro, nem meu tempo perdido, nem o Wellington Paulista ao Botafogo. Só façam a justiça de mostrar que antes de ser uma obrigação, a morte é um direito.