Larissa é uma dessas garotas que te fazem repensar sobre tudo que você já leu e já escreveu. Larissa sorri assim como ela se escreve, com aquela mesma sutileza intensa presente nas mais belas musas e nos maiores poetas, mas prefere não usar isso como sua arma letal. Sabe que seria muita covardia contra os réles mortais.
Larissa está escrita nas entrelinhas, tentando escrever um diário de memórias que parece não se encaixar em seu olhar. Mas não se esconde, apenas se abriga em um lar onde apenas os leitores como ela sabem o endereço.
Larissa é um cotidiano a cada capítulo, mas se renova com intensidade roendo as unhas de cada página. Além do que se parece, Larissa não possui traças ou traços tortos de poeira, ela apenas toma sol duas vezes ao dia, e precisa apenas disso para escrever seu novo livro.
Larissa às vezes esquece em qual página parou, ela não usa marca-páginas. Mas não importa o que aconteça, se lembra muito bem sobre o que leu ontem a tarde, sentada em seu sofá e esperando algum toque de campainha especial. Então mais uma vez ela relê o capítulo ainda fresco em sua memória, mas não se importa, porque nenhum de seus capítulos são em vão.
Larissa sabe o quanto vale. Mesmo em liquidações ou em altas do dólar, ela tem seu próprio valor. Muitos acham o preço caro. Muitos se espantam pelo pouco que se pede. Há outros que apenas sabem que não devem julgá-la pelo preço antes de ler. E é claro, há também aqueles apesar de saberem juntar as sílabas e formar palavras, nunca entenderão a sua complexidade extra-textual, seu elemento fundamental e que não é ensinado em nenhuma escola.
Larissa vive por completo.
Larissa vive em um romance narrando suas aventuras ricas e seus personagens sofridos com cada riqueza de detalhe que lhe é cabível. Vive em uma novela, pois há em sua vida um desenvolvimento intenso que beira o infinito. Larissa é uma crônica, baseada em fatos reais e com toques de humor e crítica, mas que não faz tanto sentido no dia seguinte. É um conto, que vive como personagem principal numa brevidade que não corresponde aos valores do tempo. Larissa conta fábulas, conta como seus simples objetos supostamente inanimados podem atribuir lições para sua vida. Larissa conta seus dramas, com diálogos e encenações vividas a flor da pele para seus diversos públicos.
Mas tal multiplicidade não seria possível sem um porquê. Larissa é poesia em sua essência e isso é capaz de justificar tudo o que conta, escreve, inventa ou esconde. É a harmonia entre a poesia e a realidade. É o esconderijo dos poetas que nela mesmo habitam. É o além do que se pode ler.
Estão achando que essa larissa ai sou eu.
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