sexta-feira, 8 de agosto de 2014

37370

Carlos, que roupa é essa Carlos? Que roupa perfeita é essa?

-Não é roupa, senhor. É uma proteção contra o vírus Ebola...

Aposto que é coisa do Fagundes. Desgraçado. Isso é coisa do PDM. Sempre saindo na frente. Já pensou eu com uma roupa dessas, Carlos? Pra que merda mesmo eu pago vocês, ein? Tirei o incompetente do Ronaldo do PDM pra isso? Você mesmo me incentivou a tirar ele de lá, Carlos. Disse que em 2010 o PDM só ganhou por causa de marketing. Mandou eu investir e tirar o Ronaldo de lá e trazer pra cá. Aí eu vou, tiro esse viado de lá e o que ele faz? Porra nenhuma! Enquanto isso o Fagundes tá com essa roupa podendo abraçar todo mundo e ganhando um monte de votos. É disso que eu preciso, Carlos! Poder dar uns apertos de mão sem me preocupar, dar uns abraços, beijar umas criancinhas... Preciso de popularidade, caralho! Subir nas pesquisas, intenções de voto. Falta pouco tempo pra eleição, merda!

-Não, senhor... esse não é o Fagundes e...

Que merda, cara! Esse Ronaldo só pode tá me traindo. Como deixa uma ideia dessas pra concorrência? Um monte de empresário já me pressionando, dizendo que não vão bancar mais uma derrota... Minha mulher toda preocupada, meus filhos chorando... Tá todo mundo pirando, cara. Minha mãe tá rezando, fazendo novena na Matriz pra ver se eu ganho dessa vez...

-Senhor, por favor, me escute. Não é nada disso que você está pensando. Essa não é uma roupa comum, é uma proteção que os americanos estão utilizando para o tratamento do vírus Ebola...

É isso mesmo, Carlos! É isso mesmo! Tá aí na minha agenda, pode ver. Você pelo menos anda com a minha agenda, seu incompetente? Deve tá no site. O Ronaldo coloca tudo no site. Acho que é isso mesmo, Carlos. Morro do Ebola, semana que vem. Imagina eu com uma roupa dessas, com uns adesivos colados... Meu número: 37370 bem grande colado no peito Embaixo a frase: “Honestidade e Prosperidade”... Até que ia ficar legal, né Carlos? Grande frase, gostei bastante. Pelo menos pra isso o Ronaldo serviu. “Honestidade e Prosperidade”...

-Senhor, os americanos...

Isso Carlos! Bem lembrado! O Ronaldo fala inglês, né? Põe ele em contato com esses americanos agora. Quero essa roupa pra semana que vem! Morro do Ebola, aí vou eu!

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Paulatinamente

Não era “me fazer o bem” que ele queria. Não era mesmo. Paulo sempre foi assim e só estava ali para torturar cachorro morto; me fazer sentir menor do que as bactérias que me comiam por dentro. Santa Majestade Paulo, sempre ele, Paulo, Paulista de São Paulo, sempre mais inteligente, mais equilibrado, mais forte e mais perto de Deus, ainda que quem flertasse com a morte fosse eu. Mas ele estava lá, mal consegui abrir os olhos e ele já estava lá. Antes que eu reconhecesse a fria parede branco-hospital e a cama de metal com o lençol verde que me reclinaria conforme eu quisesse mas não me daria asas para escapar de Paulo. Antes de uma enfermeira com pressa, antes de uma refeição sem gosto (ou com gosto de minha relação com Paulo), antes de me dar conta dos tubos que enchiam de soro pelas veias, me enchi pelas veias da alma de ódio do sorriso de Paulo. Aquele sorriso cheio de dentes brancos que parecia ser mais uma peça de roupa dos trajes obrigatórios da falsa clareza de tudo daquele hospital.

A minha boca, ainda com gosto de sangue, não consegui abrir. Cuspo aqui, agora, o que não consegui naquele dia. Cuspo o sangue já não tão fresco: coalhado de um rancor que bisturi nenhum tiraria. Fui só ouvidos, ódio e ouvidos. Prorroguei involuntariamente uma relação que há muito me acabava e que há pouco eu resolvi acabar. A cada gota de soro que me reidratava, Paulo me tirava duas. Senti certa alegria estranha por conseguir acordar e não estar em coma, apesar que ainda me faltavam certezas sobre meu verdadeiro estado e por quanto tempo estive “dormindo”. O alívio de ser um ser acordado, não mais uma planta estática apenas a ouvir a voz de Paulo. Passei muito tempo assim em estado normal de temperatura e pressão e não queria agregar assim, de bandeja e de cama, mais uma felicidade ao Perfeito Mundo de Paulo.

A sua voz irritava meu corpo por inteiro, mas meus ouvidos faziam a desonra de suportá-la. Seu sotaque paulistano, dizendo que não mais me abandonaria fazia de meus ouvidos paladar; senti o gosto de suas palavras vomitadas. Ouvi, inerte naquela cama, seu dizeres de “Eu te perdoo e nunca mais vou te abandonar”. Minha boca, condenada ao sangue, embora não fosse capaz de falar, serviu ao menos para despertar o nojo que Paulo sentia e de mim e assim me fazer escapar de mais um beijo daquele verme que por tanto tempo me comeu. Ganhei um demorado beijo no rosto com falso afeto e um demorado beijo na testa com um falso “se cuida”.

“Me cuidar” era a última coisa que Paulo gostaria que eu fizesse. Meu jeito desajeitado e desesperado ao dar meu último show foi o que ele mais gostou. Senti que ali meu tiro tinha saído pela culatra, Paulo se alimentou ainda mais de seu narcisismo disfarçado de amor por mim. Ele agora estava ali, para cuidar de mim, para me sufocar, para cuidar de mim, para me dominar, para cuidar de mim, para fazer de mim seu maldito fantoche.

A cada passo de minha morte, dois passos de vida para Paulo. O que começou em igualdade, no zero, no nível do mar, se tornou uma eterna corrida de cada um por si. Eu enxergava a linha de chegada, meu fim, minha libertação: a morte. Paulo, sempre mais ambicioso, se cegava ao subir minhas montanhas e sempre enxergar o além: haveria limites para sua embriaguez de vida e de narcisismo?


A verdade é que Paulo havia roubado meu eu. O meu eu e de tantas outras pessoas que passaram por sua vida. E eu só queria ter passado. Passado desta vida: pra outra, ou pra nenhuma. E assim fracassei. E assim o gosto de sangue me calou na cama do hospital. E assim o gosto da morte foi removido de meu estômago. E assim essa cicatriz na minha barriga me mostra como os médicos foram como Paulo: mais eficientes em me limpar e saber o que era melhor para mim. E aqui, nessas linhas, tento morrer mais uma vez. Morrer aqui, onde Paulo não saberá do velório.

domingo, 2 de fevereiro de 2014

Dois de Fevereiro

-Não me venha com essa, Neide. Sabe muito bem que deve ter sim algo em especial nesse menino. Onde já se viu nascer no dia do aniversário do pai? É muito orgulho. Me enche de orgulho esse muleque. Dentro de tantos dias do ano, 365 não é Neide? Dentro de tantos dias e ele escolhe justamente o meu pra nascer. E depois você ainda não quer que ele seja meu preferido?

-Seu imbecil! Você não pode ter isso de filho preferido! Fica aí mimando o Ricardinho e ele tá crescendo um idiota completo e ainda vai conseguir a façanha, Alberto, vai conseguir a façanha de ser um homem mais idiota do que você. Você, Alberto, você que é um idiota completo e todo mundo sabe, mas ó: eu vou me separar mesmo de você, não é de hoje que falo isso, vou me separar mesmo e você vai ver! Agora filho não, Alberto. Filho é pra sempre. Não quero que o Ricardinho seja imbecil igual a você e case com uma mulher boa que vai sofrer igual eu. E o pior é que mulher assim arranja, Alberto, arranja porque você me arranjou. Eu era tão jovem, bonita, cheia de vida e ainda me casei com você... e não tem isso de escolher o dia pra nascer, seu imbecil! É a última vez que te falo e eu vou me separar de você logo, vou sim, eu vou...

-Ah tá? Agora a culpa é só minha? Isso, isso. Clap, clap, clap. “Vamos botar a culpa no Alberto”. “Vamos botar TODA A CULPA nele”. Desde MILNOVECENTOSESETENTAEUM Alberto Augusto Ferreira levando a culpa de tudo. É impressionante, Neide. O Ricardinho faz de tudo por um pouco de atenção e você sempre ignorando o pobre do seu próprio filho. Não foi no futebol semana passada pra ir na casa da sua mãe com você. Não foi no cinema com a Patrícia porque eu tive que te dar dinheiro pra comprar suas coisas não sei onde. Ele tentando esquecer a Bianca e nem pode ir no cinema com outra. E sem contar que, você sabe, largou a Bianca POR SUA CAUSA e até hoje sofre por ela. Onde já se viu, Neide? Não te pesa a consciência? Largou aquela bonitinha da Bia por causa de você que ficava cismando que ela parecia com a Cláudia... E você nunca vai entender isso, não é, Neide? Agora o coitado do Ricardinho perdeu um mulherão daquele, linda, linda. Olhos verdes, loirinha, educada, de família, o bairro todo queria. E ele consegue pegar ela e ficar com ela e gostar dela e tudo com ela, você sabe que ele fez tudo. Mas nem tudo é suficiente, não é? Agora ele vai ser obrigado a acabar casando com outra que não gosta. E larga de bobeira, Neide. Sabe que isso não tem nada a ver com a Cláudia. Foi só um lance de juventude nada mais. Passou, passou. Eu nem penso mais nela e no que seria se tivesse ficado com ela. Bonita ela tá sim, Neide, bonita ela tá. Tá conservada? Tá, é verdade. Mas vai falar que agora a culpa é minha? Bonita ela sempre foi e se ela se conserva é bom sinal, não é? Sinal que tá bem de saúde. Deveria servir de exemplo, eu não tenho culpa, tenho? E você sabe que nem era pro Ricardinho nascer dia dois. Ele mesmo se adiantou para nascer no dia do pai. Ou você não lembra disso, Neide? A própria mãe não lembra do dia do nascimento do filho. Típico seu, Neide. Você que todo ano faz tanta festa e tanto fuê pro aniversário do Tiago e da Laís. Mas pro filho do meio, sobra alguma coisa? Nada... e ainda reclama dele ser meu preferido.

-De novo a vaca da Cláudia, Alberto? De novo? E o respeito? Não tem mais mesmo? Acabou o pouco que tinha? Então vai lá, garanhão. Vai lá e fica com ela. Vamos ver se ela vai te querer. Aquela vaca velha gorda enrugada cheia de maquiagem com plástica mal feita piranha baranga mal vestida. Vai lá então, já que acha ela tão bonita e vamos ver então se ela vai te querer. Você todo barrigudo aí fica se achando jovem. “Nossa, olha que velho maneiro, gente... ele usa as roupas do filho de dezenove anos”. Ridículo, Alberto, ridículo. Fica aí usando as roupas do Ricardinho e achando que tá jovem. Cria tipo de gente, velho ridículo. Tanta roupa boa de homem sério e fica aí usando camisetinha de marca dando uma de jovem. E faço sim a festa que quiser no aniversário do Tiago e da Laís. Tenho que fazer festa porque você não dá um presente bom pros dois, é só Ricardo, Ricardo, Ricardo. Ricardinho no céu. Óh, Santo Ricardinho...

-Eu uso a roupa que eu quiser, viu Neide? Uso mesmo porque fica bom em mim e além do mais, foi com o dinheiro de quem que ele comprou? Com meu dinheiro. Aliás, uso só umas duas ou três camisetas, as outras duas foi ELE que me deu de aniversário. O Tiago e a Laís não, só servem pra me dar chinelo e lenço de aniversário. Tá certo, eu gosto, gosto deles. Reconheço o esforço deles pra me agradar e essas coisas, mas com o Ricardinho é diferente. Ele me entende. O único dessa casa que me entende e sabe do que eu gosto. Vai dizer que não tem uma ligação? E você aí, toda enciumada é porque sabe que eu estou novo e essas roupas ficam boas em mim e você não pode usar roupa nenhuma da Laís porque engordou e envelheceu. Fica, fica com os dois. Dois filhos só pra você e eu só quero um. Do que ainda reclama? Eu nunca fui o filho preferido do meu pai e me dei bem na vida!

-Se deu bem na vida, Alberto? Em que vida? Porque se for na vida de marido e de pai, sinto te dizer mas você é um fracasso!

Alberto não respondeu mais. Suspirou fundo. Foi até a geladeira e pegou uma cerveja. Virou no corredor e foi rumo ao quarto de Ricardinho. Ouviu Neide gritar: Ai dela se ela visse o marido dando um gole de cerveja pra um filho dela debaixo do seu próprio teto. Alberto também não respondeu. Também não achou Ricardinho no quarto. Apenas a bagunça de seu quarto. Em cima da cama, uma camiseta amassada. Pegou, amassou, sentiu o cem por cento de algodão. Se perguntava se essa era a daquela marca que Ricardinho tanto pediu para ele no mês anterior. Não, não era. Acabou se lembrando do dia que Ricardinho saiu com Bianca. Ele estava com essa camiseta da gola bonita. Camiseta cheirosa. Alberto cheirou a camiseta. Que cheiro bom. Era de Ricardinho? Era de Bianca? Por que não podia ser de Alberto?

Tirou sua camiseta velha e de velho. E com ela enxugou suas lágrimas, enxugou seu suor. Vestiu a camiseta de Ricardinho. Se olhou no espelho. Ficou bem. Ficava bem com aquela camiseta, com aquele cheiro. Aquele cheiro haveria de ser dele. Murchou a barriga, endireitou sua coluna. Colocou a mão dentro do bolso da camiseta. Achou um papel amassado. Bianca: Rua Rio de Janeiro, 455.

Pegou o carro. Não respondeu Neide dizendo aonde ia.

Neide se preocupou. Será que voltaria tarde? Será que daria tempo de ligar para o Lucas, amigo do Ricardinho? Era melhor não arriscar. Amanhã Alberto iria pro trabalho. Era melhor não arriscar. Mas Neide estava se sentindo tão sexy com a calcinha da Laís...

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

É tempo de rolezinho

É tempo de rolezinho.

E o nosso já vai começar.

Não vamos para shoppings grandes reivindicar a nossa presença.

Porque aqui não há grandes shoppings.

E se houvesse, e nós fossemos, também não seríamos expulsos.

Temos meia dúzia de roupas adequadas para o ambiente.

Moramos mal, às vezes no morro. Comemos mal, mas sobra dinheiro pra cerveja barata.

Sofremos com o aluguel. Mas não temos nenhum vizinho traficante.

Somos, na grande maioria, brancos.

Mas, se for o caso, nos declaramos negros e entramos pelas cotas.

Entraremos mesmo é no ônibus. São João del-Rei/Tiradentes. Vamos nos espremer e quem sabe arranjar um lugar pra sentar. 

Vamos todos, galera. Chamem todos. O pessoal da sala, o pessoal do curso, o pessoal da república.

Nos encontramos na rodoviária, ou talvez, na república para um esquenta.

A bebida é cara, vamos encher a cara aqui mesmo e já chegar no grau.

Podemos também levar na mochila uma bebida pra economizar e nos mantermos bêbados.

Vamos logo, se apresse. Já colocou sua melhor roupa? Aquela camisa xadrez  que você usou pra ir na balada sertaneja. Um cachecol, mesmo que no calor. A boina que roubou do seu avô. Arranja logo um óculos de aro grosso sem grau. No pescoço sua câmera semi-profissional. Camufle-se.

Vamos logo, se apresse. O ônibus já vai passar. Vamos chegar logo, ver dois ou três filmes, quem sabe uns curtas. Pode ter um complicado de entender. Só não vale admitir. Faça de conta que gostou, que entendeu, que já tinha ouvido falar. Diga o quanto estava ansioso para contemplar tal arte.

Perdeu o ônibus, amigo? Não deu tempo de chegar para os filmes? Não se preocupe. Ainda tem o último. E o último é o mais importante, não é? Ele te leva ao que interessa: O show.

It’s showtime! Encontrou amigos no show? Que legal! Vamos todos curtir juntos. Mas se alguém perguntar sobre os filmes, não se afobe. Comente o quanto achou interessante a sessão das nove. Solte frases genéricas de efeito: “Achei muito poético”. “Retrata bem a realidade”. Não quer se arriscar tanto? Solte um “Maaaassa” com um tom reflexivo.

No palco, alguma banda de MPB, Jazz, música pura e instrumental. Canções semi-conhecidas ou semi-desconhecidas que você, obviamente, vai dizer que ama. Não sabe a letra? Não se preocupe. Segure o copo de bebida junto ao corpo, olhe para o horizonte e balance na “vibe da música”.

Depois do show, tenha cuidado ao vagar pelas ruas de pedra. Capriche na fonética. Use um léxico que não é tão seu. Apesar da companhia de seus amigos da mesma cidade, você não vai querer, logo de cara, dar na cara que é nativo. Do interior de minas. Bom mesmo é se camuflar. Há cariocas, paulistas e sulistas por todo lugar. Se der sorte, ainda se encontra gringos. Franceses, americanos, italianos, gente do mundo inteiro. É a magia do cinema! Você vai querer estragar tudo por conta de seu sotaque?

Recebeu convites ao longo da cidade para uma balada depois do show? Diga que vai! Não vá transparecer assim que comprou cerveja no único, e mais copo sujo, bar da cidade. E com o troco ainda comprou um pastel de três reais. Vai dar na cara que não tem 30 ou 40 reais pra entrar na festa da cervejaria?

Não deu pra ir mesmo, não é? Não se preocupe, você pode procurar algum agito mais em conta. Será que tem movimento no chafariz? Não tem? Dê mais umas duas ou três voltas pela cidade. Sim, tem muitos morros e as ruas de pedra cansam mais e mais seus pés tão bem calçados pelo seu melhor calçado.

Cansou? Cansou mesmo? Não tem mais nada? Não tem mais nada mesmo? Corra logo então pra pegar o ônibus de volta!

E... Não tem mais ônibus! E agora? Como proceder? São duas e meia da manhã e você aí, sem ter como voltar. Vai lá na praça, quem sabe tem uma van? Não tem vans! Por que será? Olha o preço do táxi, quem sabe dá? Quem sabe seus amigos fazem uma vaquinha e vocês conseguem ir? Não deu mesmo né?

Volta na rodoviária. Confere lá se não tem mesmo mais nenhum ônibus. Não tem mesmo, né? Só as sete da manhã! Será que não tem nenhum, nenhunzinho conhecido de carro pra poder dar carona? Não tem mesmo, né? O jeito vai ser deitar na rodoviária e esperar. Bom que você descansa, né? O dia tão agitado e tudo que você quer agora é descansar. Descansar na sua casa seria o ideal. Mas e daí? Em Tiradentes você se sente em casa, não é?

E se alguém te ver deitado na rodoviária, também não há o que temer. Aproveite. É o festival de Cinema de Tiradentes. Dê uma de ator e improvise dizendo que seu amigo “bodou” e você só está ali para ajuda-lo. E se esse alguém for conhecido aproveite e já combine de voltar no dia seguinte.


Finalmente o ônibus chegou. Ufa! É hora de voltar pra república. Quem sabe ano que vem, juntando uma grana e com alguns meses de antecedência você não consegue fazer uma reserva numa pousada? Mas ainda há tempo. Depois você pensa nisso. Você está cansado e é melhor descansar. É melhor renovar as energias, pois amanhã começa tudo de novo.